domingo, 30 de setembro de 2007

Jorge Drexler



Jorge Drexler nació a 21 de septiembre de 1964 en Montevideo, Uruguay. Estudió medicina y trabajó como médico por siete años en Urugauy. Su especialidad es Otorrinolaringología. Pero decidió hace diez años mudarse para España, donde fue vivir y cantar, su arte elegida. A él le parecía que iba quedar allá solamente por un mes y ni tuvo recursos para mantenerse en la Europa. Pero vive en la España hasta hoy. Drexler fue casado con una cantante sueca Ana van der Laan con quien tiene un hijo de siete años. Jorge Drexler es el músico de la canción Al otro lado del río, canción que le dió el Oscar de mejor música en la película Diario de Motocicleta (2005), del brasileño Valter Salles. Sus músicas le dieran muchas premios.



“La luz que sabe robar” (1992) AYUI
“Radar” (1994)AYUI
“Vaivén”(1996)VIRGIN ESPAÑA
“Llueve”(1998)VIRGIN ESPAÑA
“Frontera”(1999)VIRGIN ESPAÑA
“Sea”(2001) VIRGIN ESPAÑA
“Eco”(2004) DRO-WARNER

quarta-feira, 26 de setembro de 2007


Por Franklin Ramos
INTERLINGUAGEM

As palavras se beijam,
Abraçam-se
Ofendem a lingüística
Honram a linguagem
Desfazem desrítmos
E se apresentam autoritárias
Chutando as letras,
Emendando as sílabas
Desficam em ordem
In-fluem nas curvas
Trans-bordam na teia das idéias
Expressando interconexão
Uma palavra pra cada coisa
Que não se limita à palavra
Entonações diversas
Significados vários
A descobrir, a inventar.
FRASE TORTA

Passam pela minha frente
as frases sem contexto
pretexto de ser inteligível
voltam-se para mim as crases
reflexionam-se-me
usam de má semântica
a oração romântica
nomes sem renomes
codinome desconhecido
fugido do dicionário
sem significado conhecido
perdeu-se o itinerário
no começo da viagem

Entrevista: Franlkin Ramos

Palatus et Colirius - Há quanto tempo você escreve e quem o incentivou?

Franklin - Escrevo desde 1997. Como meu avô é poeta e eu cresci convivendo com as poesias dele então foi fácil começar a escrever. Mas daí vem uma questão: para poetizar depende de aprendizado ou inspiração? Bem, de uma ou de outra eu posso dizer que a veia poética me acompanha desde 1997.

PC - Você tem um tema que predomina na escrita prefere ser livre?

Franklin - Os temas variam de acordo as fazes da minha vida. Comecei escrevendo poesias pessimistas e de protestos sob as influências de Augusto dos Anjos e Gregório de Matos, como uma "metralhadora giratória". Sempre negando o amor por considerar o ser humano desprovido de sentimento tão nobre, até que, por ironia do destino, o deus Cupido me flechou com o amor de Eros e eu passei a escrever movido pela paixão que se encanta em saber-se amante e amada. A partir de então eu nada escrevo, mas o amor me toma como instrumento e se expõe no papel. Mas, claro, que eu nada me obrigo, nada me imponho. A pura e livre inspiração bate à minha porta e diz sobre o quer falar, versejar para quem puder sentir.

PC - Como um físico pode lidar com razão, lógica, ciências físicas, filosofia, arte, poesia e literatura?

Franklin
- Uma vez, antes de eu fazer Física, um primo meu me disse que Física era poesia. Eu acreditei. Na realidade, a arte pulsa em minha visão de mundo, a natureza em sua dança harmônica, em seu bailado singelo nos convida à contemplação e a Física me ajuda a entender como essa ciranda cósmica se integra à minha própria natureza. A Física, para mim, enquanto ciência da natureza, é muito mais do que o mecanicismo dos livros, do que a insensível linearidade cartesiana que meus professores tentam mostrar. Se a natureza é bela, sutil, misteriosa, artesanal, descabida, a ciência que a estuda deve beirar essas qualidades.

PC - Existe um projeto para possível publicação? Quando?

­Franklin - Se para um estudante de Letras a publicação de um livro de poesias já representa uma verdadeira via crucis, imagine para um de Física. Publicar um livro de poesias é um sonho pra mim. Uma vez eu cheguei a organizar algumas, digitar e enviar em disquete para uma editora, mas me falaram que não trabalham com livros desse tipo. Será?

Franklin Ramos (28) é natural de Itabuna-BA. Atualmente reside em Feira de Santana, onde cursa Física pela Uefs. Desde os 18 anos escreve poesia, tendo publicado em jornais locais e em concursos literários. Em 2006, foi classificado com a poesia “Verboiando” no concurso Bahia de Todas as Letras, promovido pela editora da Uesc (Editus) em parceria com a Via Litterarum. E-mail: verboiando@yahoo.com.br .

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Poema: Silencio e brisa


Silêncio e Brisa


Vago tu me deixas
no impulso do silêncio,
e vago tu me levas
à brisa do teu cheiro.

A brisa é teu corpo
que em meu corpo briga,
a brisa é teu beijo
que me mata a sede.

E meio vago,
me falo em tua fala
onde me afagas
onde me há fogo
onde me afago
e me desvago.

{jr}

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

dias e vida...

...depois de uma luta de vai e volta e sobe e desce e fala, fala, fala, cala, sala, ensina, em cima, embaixo, ali, lá, além, o bem, o bem, também, não mal; e pensa, a crença, reflete, insiste... é tarde, corrige, moral, palavra, palavra e verbo e segue e sigla e corre e pega e sobe e paga e senta, levanta e liga e atende e fala e fala e paga alto e paga a conta a comida, ingere, digere na sala, na fala... são muitos os olhos, os dentes, as caras, as bocas caladas, um fala, não fala, se cala... É tarde e cansa e senta, mas pensa no banho, relaxa e come, ler, ler, redige, ler, redige, apaga, digita, imprime os olhos que pedem a cama, acalma, pestana... e deita, apaga, levanta e bebe às pressas, alenta, coragem é tudo de novo, o novo não basta, não chega, não fala, não cansa... mas cansa a luta, a cuca que funde a labuta...o sol não se vê, a lua ao longe, minguando as estrelas, o fim da semana, o céu aparece e as preces, os carros, as luzes, a noite, a chuva no vidro, na porta da rua, barulho, cachorro, miado do gato no teto, menino inquieto, falando, falando, falando... e ouve, cantando, cantando, cantando, vanessa da mata, amando poesia...vinho...poesia...vinho...poesia...poesia...oh vida, que bom que você chegou, fique à vontade, fica comigo mais uma noite...
{jr}
Capa do cd Sim, de Vanessa Da Mata

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Poesia - Lívia Gaertner

Por Lívia Gaertner
DISLEXIA

Como me perturba essas linhas retas
A esperar qualquer hálito de ego
Nelas se impregnar.
A ausência de cálculos palavreados
Causa me uma desmesura plana,
Regular, sem alguma pedra no meio do caminho,
Sem nenhum Drummond.
É de uma sinceridade repulsiva,
Passiva com o branco,
Com a falta de traço, passo
A exemplo da inércia dominical
Regada a macarrão e à televisão.
Quisera eu poder programar o despertador
Na manhã da segunda
À hora do alvorecer dos pensamentos
Mais disléxicos,
Do meu penar mais patético.



TORMENTA

Induzem-te ao sono ao apagar as luzes.
Em tempos de fast food,
Padrões embalam pensamentos
Enquanto a normalidade desfila na falta de atitude.
Até a liberdade não escapa de orçamento
E o bom-senso há muito perdeu a saúde.
Cadáveres glamourizam etiquetas.
Sucesso: revista despida, carreira cometa.
Fiéis seguem a procissão da deusa high-tech
“De hoje, nada lhe serve,
Amém!”
Aquém de uma felicidade que se inventa
Fetiche por bit
Tormenta!
Foto: Edemir Rodrigues


HORIZONTE DE XARAÉS

No final da tarde, o arco
Que brotava do úmido lençol
A se estender por léguas de vista
Esperava, solenemente, a hora, o marco
De desfazer qualquer pista,
De consumir o Sol

Paciência de aquarela luminosa:
Da hipnose azul ao feminino rosa,
O salmão de conhecido batom
Exagerava-se até laranjado tom,
Esforço que esmaecia lento, amarelado,
E, da noite, apenas um esboço acinzentado

Tudo o que se transmutava naquele momento
Em peregrinação ao escuro
Era sentimento,
Tudo o que permanecesse naquele lugar
Longe dos olhos do apuro
Fazia se em agigantar.

Entrevista: Lívia Gaertner


Palatus et Colirius - Desde quando você escreve e o que o levou a fazê-lo?

Lívia – Comecei a escrever quando os hormônios de minha adolescência me apresentaram a possibilidade de sentir ‘coisas estranhas’ como a paixão. Momento nada original, mas enfim, foi assim. Era uma tentativa de sepultar a sensação de imensidão que não podia ser concretizada, afinal os amores platônicos da adolescência me renderam bons versos – adjetivo não pela qualidade, mas pela quantidade (risos).

Palatus et Colirius -
Há alguém que o inspire ou que você toma como referência?

Lívia – Possuo um poema intitulado ‘Referências’ onde exponho algum desses nomes que me fascinam. Clarice Lispector e Vinícius de Moraes dispensam apresentações. Manoel de Barros, nome mais recentemente popularizado também pode soar familiar a alguns, já Lobivar Matos, que se alcunhou de ‘o poeta desconhecido’ começa a ser redescoberto pelos conterrâneos, corumbaenses como eu. Orientado por uma temática extremamente ligada ás questões sociais é um marco na poesia do MS ao intitular seu primeiro livro com o nome de um dos bairros mais desprovidos da cidade na década de 30: Sarobá.

Palatus et ColiriusFalando em temática, existe alguma que domine seus textos?

Lívia
– Para falar a verdade, ainda são poucos os poemas que fogem do lírico. Tento ser mais engajada e algumas vezes acredito que valha o esforço, mas na maioria, ainda não superei a adolescente apaixonada. Apesar disso, me acho, hoje, mais interessante do que quando na casa dos meu 13 anos. Em grande parte isso é influência de um grande amigo, poeta e confidente de versos, o Riccell. Ele me embeleza e me ‘desorienta’ com seus versos; é a instabilidade que preciso.

Lívia Galharte Gaertner (1981), natural de Corumbá - MS, é graduada em Letras (habilitação Português/Inglês) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campus do Pantanal, onde está cursando a segunda habilitação, em Língua Espanhola. É também jornalista do Diário Corumbaense e professora colaboradora na UFMS tendo sob a responsabilidade a disciplina de Prática do Ensino da Língua Portuguesa I. Junto à professora Rosangela Villa da Silva coordenou e participou da antologia Olhai os Versos do Campus, publicada em junho deste ano como parte das comemorações dos 40 anos de instalação da UFMS em Corumbá.

Capa da Antologia em que publicou

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Somos todos iguais, braços dados ou não...

Há muitos anos, alguns países vêm lidando com duas forças que se somaram para comprometerem o desenvolvimento humano e provocarem, silenciosamente, o desequilíbrio das nações. Tratam-se da pobreza e da desigualdade social — ambas oriundas do processo de dominação e concentração de riquezas. Nessa ótica, a primeira força sustenta o atraso daqueles que buscam sobreviver à grande desordem; enquanto a segunda vem dividindo a sociedade em dois blocos, dois mundos, tornando-os habitáveis por “alienígenas” de espécies antagônicas: rico, pobre; dominador, dominado; patrão, (des)empregado.

Mas não existem dois mundos. Existem, porém, desordem, desconstruções, desequilíbrios sociais fundados a partir de uma lógica egoísta produzida através da prática de acumulação de riquezas; uma lógica daqueles que promovem o crescimento econômico apenas com o intuito de atender aos interesses de um seleto grupo. É fato que o desenvolvimento científico e tecnológico, impulsionador desse crescimento, nasce com a Educação, nasce com os homens, e o seu produto deve-se voltar para todos eles, sem distinção; no entanto, essa premissa ainda é pouco levada a sério nos dias atuais.

Os países mais ricos do mundo têm se aproveitado, na maioria das vezes, do importante potencial técnico-científico para desenvolverem formas de enriquecer–se e de dominar os mais fracos, por meio até da força bélica. Porém, seria mais significativo se promovessem ações em nível cultural, desportivo, educativo e de outras políticas públicas em benefício das populações mais pobres do mundo, a fim de diminuírem a desigualdade social cada vez mais acirrada.
Por outro lado, quando se trata de uma sociedade como a brasileira em que os mais ricos ganham em média vinte e cinco vezes mais que os mais pobres, pensa-se em alternativas imediatas. Uma delas é buscar apoio nas grandes e médias instituições privadas para diminuir o índice de pobreza. Dessa forma, haveria descentralização de responsabilidades, menos concentração de renda, além de estabelecer um certo grau de conscientização das pessoas nessa luta.

O combate à pobreza no mundo e especialmente no Brasil, cabe à sociedade civil, à iniciativa privada e aos governos. Só não nos cabe mais continuar culpando estes últimos por não terem conseguido de fato extinguir este problema nem encurtado a diferença entre pobre e rico. Também não nos cabe tornar-nos indiferentes diante de tal situação, cuja conseqüência já conhecemos de perto. Compete-nos, junto a esses três segmentos, criar um plano de ação sustentado nas bases da educação, do emprego e da assistência social aos mais necessitados, com intuito de reduzir-lhe a diferença sócio-econômica.

Vencer os problemas nacionais, regionais e locais para anular a atuação dessas duas forças negativas e promover uma melhor qualidade de vida não é, portanto, tarefa fácil nem possível de ser executada em uma ou duas décadas. É um projeto para longo prazo, que só tem eficácia se construído mediante visão educadora, cujo objetivo é formar indivíduos críticos capazes de produzir conhecimento e, conseqüentemente, solucionar os problemas humanos... Por que não começaremos agora?
{jr}

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Ecoa, voz de Felinto, ecoa!

Sou professor, estudante de Letras. Leitor assíduo da revista Caros Amigos (http://carosamigos.terra.com.br/). Ainda no ensino médio vi na revista um rico meio de adquirir conhecimento, hábitos de leitura, interesse pela escrita e, sobretudo, uma maneira de enxergar a sociedade (em seus diferentes ângulos) de forma crítica. Mas isso não seria possível se não houvesse grandes nomes como Ana Miranda, Emir Sader, Gilberto Felisberto Vasconcelos, Nicodemus Pessoa, Frei Betto, Marilene Felinto, dentre outros. Hoje, já na academia, percebo que muito este veículo me foi e tem sido útil.

Aos artigos de Marilene Felinto sempre dediquei a primeira atenção, porque me serviriam de remédio, ora para fazer-me refletir acerca de notícias muitas vezes mal repassadas ora para proteger-me contra futuras informações distorcidas e intencionalmente mal elaboradas por veículos “globistas”ou não que se dizem imparcial e responsável. Com o artigo da edição n.124, “desumanizando a empregada-puta”, Marilene Felinto me fez outra vez repensar em como podemos ser facilmente manipulados por uma mídia medíocre e – ao contrário do que se espera – tão deseducadora.

Sem pensar duas vezes, levei-o para minhas aulas de Redação e Língua Portuguesa e senti-me feliz ao ouvir no final da aula alunos me dizerem: “Professor, como não tinha pensado dessa forma! A partir de agora vou analisar as informações construídas pela mídia com uma olhar diferente” – isso para mim não tem preço! No último artigo “a TV que não ensina a morrer”, a mesma autora, ao relatar sua visita a um sebo e concluir que seus livros estão esquecidos, declara “Tudo o que eu quero – esquecimento”. Confesso que isso não vai ser possível (e ela sabe disso!), porque, assim como ainda se ouve uma voz que ecoa ao longe e chega até nós por meio de veículos como este, há de se estender os ouvidos aqueles que a lêem; há de não se calar os jovens diante de uma mídia que não espera que eles enxerguem com os próprios olhos e pensem com a própria cabeça.
{jr}