Por Lívia Gaertner
DISLEXIA
Como me perturba essas linhas retas
A esperar qualquer hálito de ego
Nelas se impregnar.
A ausência de cálculos palavreados
Causa me uma desmesura plana,
Regular, sem alguma pedra no meio do caminho,
Sem nenhum Drummond.
É de uma sinceridade repulsiva,
Passiva com o branco,
Com a falta de traço, passo
A exemplo da inércia dominical
Regada a macarrão e à televisão.
Quisera eu poder programar o despertador
Na manhã da segunda
À hora do alvorecer dos pensamentos
Mais disléxicos,
Do meu penar mais patético.
Como me perturba essas linhas retas
A esperar qualquer hálito de ego
Nelas se impregnar.
A ausência de cálculos palavreados
Causa me uma desmesura plana,
Regular, sem alguma pedra no meio do caminho,
Sem nenhum Drummond.
É de uma sinceridade repulsiva,
Passiva com o branco,
Com a falta de traço, passo
A exemplo da inércia dominical
Regada a macarrão e à televisão.
Quisera eu poder programar o despertador
Na manhã da segunda
À hora do alvorecer dos pensamentos
Mais disléxicos,
Do meu penar mais patético.
TORMENTA
Induzem-te ao sono ao apagar as luzes.
Induzem-te ao sono ao apagar as luzes.
Em tempos de fast food,
Padrões embalam pensamentos
Enquanto a normalidade desfila na falta de atitude.
Até a liberdade não escapa de orçamento
E o bom-senso há muito perdeu a saúde.
Cadáveres glamourizam etiquetas.
Sucesso: revista despida, carreira cometa.
Fiéis seguem a procissão da deusa high-tech
“De hoje, nada lhe serve,
Amém!”
Aquém de uma felicidade que se inventa
Fetiche por bit
Tormenta!
Tormenta!
Foto: Edemir Rodrigues
HORIZONTE DE XARAÉS
No final da tarde, o arco
Que brotava do úmido lençol
A se estender por léguas de vista
Esperava, solenemente, a hora, o marco
De desfazer qualquer pista,
De consumir o Sol
Paciência de aquarela luminosa:
Da hipnose azul ao feminino rosa,
O salmão de conhecido batom
Exagerava-se até laranjado tom,
Esforço que esmaecia lento, amarelado,
E, da noite, apenas um esboço acinzentado
Tudo o que se transmutava naquele momento
Em peregrinação ao escuro
Era sentimento,
Tudo o que permanecesse naquele lugar
Longe dos olhos do apuro
Fazia se em agigantar.
2 comentários:
Muito bom Nilson. Valeu o link. Grande abraço.
Olá Nelson,
Obrigado. Os poemas são de uma poetisa matogrossense, amiga de um amigo meu. Também gostei gostei...
Abração!
Nilson
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