domingo, 30 de janeiro de 2011

Come si fa una tesi?

(Foto: J.Ribeiro)

Come si fa una tesi, perguntou o semioticista italiano Humberto Eco a si próprio quando estava escrevendo o belo livro com esse nome. Um livro que nos faz lembrar de manuais de autoajuda. Mas a semelhança da expressão está de um lado, as diferenças entre os gêneros são quilométricas.

Busquei esse título de Eco porque me vejo em uma encruzilhada. Já já direi as razões que me fizeram escolhê-lo.

Há exatos dois anos, num fim de janeiro, estava eu me perguntando: como se faz uma dissertação? Como viver em um lugar onde não se conhece ninguém? Como se faz pesquisa? E se eu não conseguir sobreviver? E se eu ficar doente, quem vai cuidar de mim? Será que vou dar conta de meus objetivos? Quais eram? Eu suportaria o ar seco e o clima bastante frio? Haveria algum choque cultural que magoasse minha subjetividade? Como encarariam meu eu, minha voz, minha fala, meu jeito de pensar, de agir, de lidar com os outros? E se o dinheiro acabasse? E se eu não tivesse chance de sobreviver? E se minha família precisasse de mim com urgência? E como eu suportaria a saudade de meu povo, minha família?...

Eram muitas as indagações. Por outro lado, todas elas precisavam de respostas, ainda que fossem efêmeras. Mas sempre achei que quando as dúvidas me vinham, de um modo ou de outro, eu precisava respondê-las. E isso já me vazia um certo investigador. Eu precisava de respostas... isso não me fazia desistir. Sempre preferi caminhar com uma resposta pouco satisfatória do que com a dúvida de não saber o que teria ocorrido se eu tivesse ido à busca de resposta.

Hoje dois anos depois da profusão de perguntas, eu já tenho algumas e também abri espaço para tantas outras. De lá pra cá, o tempo me deu oportunidade de aprender mais um pouco da vida e evitar que o medo seja maior que meu sonho. Meu objetivo na época, o que me trouxe aqui, foi desenvolver mais uma parte de um projeto de vida, um projeto que escolhi para me sentir bem. Então, para isso, tinha que escrever uma dissertação de mestrado. E com ajuda de professores e amigos – já que nunca estive só -, acho que estou concluindo uma nova etapa, essa parte do que chamei de projeto de vida. Mas antes de concluí-la, já estava traçando novos objetivos, pensando em novos caminhos a percorrer porque devemos nos movimentar o tempo todo. É assim que vejo a vida: um eterno balanço de bambolê que dança melhor conforme o corpo que lhe serve de balanço.

Portanto, minha encruzilhada não é o limo em que me pego no sofrimento; é o ponto em que me encontro comigo e com meus projetos neste lugar de passagem. É sempre o lugar onde eu preciso olhar para trás e avaliar meu projeto anterior, olhar pra frente e ver quais novos caminhos estão diante dos meus sonhos. É o lugar onde eu posso me sentar para formular novas perguntas, encarar as dúvidas, pensar sobre o que eu escolhi para o tempo seguinte... o tempo que me põe em movimento. Por ora, tenho um novo projeto: fazer meu doutorado. E, por isso, tenho clareza de uma dúvida que vai me acompanhar pelos próximos quatro anos: como se faz uma tese?

jr

5 comentários:

Lidi disse...

Parabéns, amigo Nilson, pela nova filha. Parabéns por ter encontrado algumas respostas pelo caminho e por ter construído outras perguntas. A vida é assim, cheia de perguntas, às vezes, sem resposta (a terceira margem do rio). Mas, tenho certeza de que "como se faz uma tese?" você também descobrirá, em breve. Bjs, futuro Dr. Saudades de você.

Anônimo disse...

Joooo; dúvidas são sempre necessárias, inclusive de cultivá-las antes de responder, ou seja, colher. Eu gosto de me perguntar bastante. E inclusive, perguntas difíceis de se achar uma respostas. Perguntas que impossibilitam as respostas prontas e comerciáveis. Não gosto de responder. E sim de perguntar. É verdade. Você está entrando numa nova fase. E espero acompanhá-la com vc. Eu consegui no mestrado um parceiro e tanto. Inclusive parceiro de escrita. ahauauhauh; nosso artigo fez sucesso. Agora é ir colhendo por aí, uma resposta aqui e ali. E curtir a sua nova pergunta: como se faz uma tese!! uahauhauau

Robson Costa disse...

"Sempre preferi caminhar com uma resposta pouco satisfatória do que com a dúvida de não saber o que teria ocorrido se eu tivesse ido à busca de resposta."
Interessante Joce, certamente a opção da resposta pouco satisfatória é a melhor!!! Fator importante é que a tese de arriscar viver em um lugar novo foi bem defendida...E respostas pouco satisfatórias insistiram em permanecer!

Palatus disse...

Oi Lidi,

Suas palavras são sempre calorosas.. Eu agradeço muito. De fato, para algumas tive respostas; pra outras ainda não... e como o amigo Nagai disse acima, "Eu gosto de me perguntar bastante. E inclusive, perguntas difíceis de se achar uma respostas". Agradeço pelas palavras a ele também.

Robson:
A quanto tempo que não nos falamos por aqui, não é? O que dizes faz muito sentido. Um abraço. Vou passar em seus "Negócios econômicos".Vc mudou de blog ou era sempre esse? Tenho a impressão de que vc tinha um diferente.
Um abraço aos três amigos!

Saberes e sabores disse...

Nilson, meu querido,
Vou esperar seu email sobre a revisão. Agora vivo o que vc viveu. Estou planejando minha dissertação e pensando no meu projeto de doutorado.
Angústias são muitas e eu sigo com as minhas inquietações sempre.
Parabéns não só pela dissertação mas também pelo cara legal que és.
Sucesso!!!
Com carinho.