quinta-feira, 19 de julho de 2007

Temporal das horas



Temporal das horas



Viver é pensar no tempo que me cerca sem ter que pensar na hora certa de partir, o tempo são as gotas de chuvas sobre mim e nunca parei um minuto para contá-las, não penso nas horas que se vão, mas relembro-me de cada segundo que me empurraram para a escuridão, a vida não mais é forte, ao final dos tempos a penumbra se encarrega de me levar à luz dos desencantos, e eu - este deslavado - mais do que levado, sou possuído pelos escombros das horas, já não nasci e meu fim está logo ali atrás das vozes, já não vivi e meu fim caminha em outras direções, já não me vale esconder de mim outros e tantos nós de minha cabeça porque as horas hão de doá-la ao tempo, pensar,pensar, pensar, pra que pensar se não mais há tempo, os anos já não me restam, os dias cansaram-se de mim, as horas estão aqui em minha defesa aguardando os vermes consumirem os minutos que me restam com estas palavras.

jr

2 comentários:

RIC disse...

Que grande tempestade existencial!... Acho que vou ali abrigar-me até que a chuvada pare... Rsrs!
A foto é uma ternura deliciosa!
Abraço! :-)

Palatus disse...

Rsrsrs!! É RIC, de fato, chovi bastante nesse dia, mas já me recuperei. Às vezes, escrevo um misto de poesia e prosa, mas nem sempre manifesto um sentimento pessoal. Nesse dia eu estava precisando dormir para que não continuasse a pensar besteiras, no entanto, como o sono não me vinha, passei a digitar aquelas palavras.Creio que vão deizer: "Pobre Nilson!, fez de tudo para não pensar em besteiras, mas acabou escrevendo asneiras!" Rsrsrs.
Boa semana, Ric!