segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Somos todos iguais, braços dados ou não...

Há muitos anos, alguns países vêm lidando com duas forças que se somaram para comprometerem o desenvolvimento humano e provocarem, silenciosamente, o desequilíbrio das nações. Tratam-se da pobreza e da desigualdade social — ambas oriundas do processo de dominação e concentração de riquezas. Nessa ótica, a primeira força sustenta o atraso daqueles que buscam sobreviver à grande desordem; enquanto a segunda vem dividindo a sociedade em dois blocos, dois mundos, tornando-os habitáveis por “alienígenas” de espécies antagônicas: rico, pobre; dominador, dominado; patrão, (des)empregado.

Mas não existem dois mundos. Existem, porém, desordem, desconstruções, desequilíbrios sociais fundados a partir de uma lógica egoísta produzida através da prática de acumulação de riquezas; uma lógica daqueles que promovem o crescimento econômico apenas com o intuito de atender aos interesses de um seleto grupo. É fato que o desenvolvimento científico e tecnológico, impulsionador desse crescimento, nasce com a Educação, nasce com os homens, e o seu produto deve-se voltar para todos eles, sem distinção; no entanto, essa premissa ainda é pouco levada a sério nos dias atuais.

Os países mais ricos do mundo têm se aproveitado, na maioria das vezes, do importante potencial técnico-científico para desenvolverem formas de enriquecer–se e de dominar os mais fracos, por meio até da força bélica. Porém, seria mais significativo se promovessem ações em nível cultural, desportivo, educativo e de outras políticas públicas em benefício das populações mais pobres do mundo, a fim de diminuírem a desigualdade social cada vez mais acirrada.
Por outro lado, quando se trata de uma sociedade como a brasileira em que os mais ricos ganham em média vinte e cinco vezes mais que os mais pobres, pensa-se em alternativas imediatas. Uma delas é buscar apoio nas grandes e médias instituições privadas para diminuir o índice de pobreza. Dessa forma, haveria descentralização de responsabilidades, menos concentração de renda, além de estabelecer um certo grau de conscientização das pessoas nessa luta.

O combate à pobreza no mundo e especialmente no Brasil, cabe à sociedade civil, à iniciativa privada e aos governos. Só não nos cabe mais continuar culpando estes últimos por não terem conseguido de fato extinguir este problema nem encurtado a diferença entre pobre e rico. Também não nos cabe tornar-nos indiferentes diante de tal situação, cuja conseqüência já conhecemos de perto. Compete-nos, junto a esses três segmentos, criar um plano de ação sustentado nas bases da educação, do emprego e da assistência social aos mais necessitados, com intuito de reduzir-lhe a diferença sócio-econômica.

Vencer os problemas nacionais, regionais e locais para anular a atuação dessas duas forças negativas e promover uma melhor qualidade de vida não é, portanto, tarefa fácil nem possível de ser executada em uma ou duas décadas. É um projeto para longo prazo, que só tem eficácia se construído mediante visão educadora, cujo objetivo é formar indivíduos críticos capazes de produzir conhecimento e, conseqüentemente, solucionar os problemas humanos... Por que não começaremos agora?
{jr}

6 comentários:

RIC disse...

Não sou radical nem extremista, mas sinceramente não vejo como a actual acumulação capitalista desenfreada - que vitimiza quase todo o mundo e favorece uma ínfima minoria despudorada! - possa sequer dar espaço para que algumas iniciativas triunfem... Já para não dizer que considero quase insignificante o que cada um de nós possa individualmente fazer...
Ah e acho que sou apenas realista, não pessimista!
Um abraço! :-)

RIC disse...

(Deixaste um comentário num édito de 30 de Junho (a 5 de Julho) que só agora é que eu dei com ele... Por mero acaso... Mil desculpas!)
Abraço! :-)

solfirmino disse...

Quando alguém ouvirá que a Educação é um caminho?

Palatus disse...

Oi Ric,
Obrigado pela visita. E também pela por me responder sobre o post do dia 30 de junho. Fui lá e vi suaresposta. Peça também desculpas por não lhe ter respondido antes sobre este post, aliás, pelos dois. Sobre o primeiro, concordo quando diz que é realista e não pessimista. Já estamos tanto acostumados a (con)viver com as pragas produzidas por tal sitema que não notamos muitas possibilidades de se livrar delas. O fato é que não devemos perder o fio dos sonhos... ou simplesmente cruzar os braços e fechar os olhos. Não é mesmo?
Um abraço!

Palatus disse...

Oi Sol,
Sim. Quando?!!!! Talvez quando o próprio homem, "esse ser pensnte", se der conta de que a ignorância que o caracteriza diante das coisas o ameaça a impurrá-lo no precipício. Aí ele vai buscar alguem que o ensine a sair "dessa".
Obrigado pela visita. Gostei do seu blog, já fui lá ler agumas vezes.
Abraço

RIC disse...

... Não tens de me agradecer por nada, nem tens de pedir desculpa, meu caro! A vida quotidiana existe fora da blogosfera, e todos nós temos os nossos compromissos.
Concordo contigo quanto a não devermos cruzar os braços e fechar os olhos. O meu realismo não me leva tão longe...
Disse um poeta português contemporâneo - António Gedeão/Rómulo de Carvalho - que «o sonho comanda a vida» («Pedra Filosofal»). E eu acredito que sim!
Abraço! :-)