
Circularam na mídia brasileira e de vários países, na última semana, imagens e notícias de um suposto “ET” encontrado por quatro jovens do Panamá dia 12 deste mês. Segundo jornais panamenhos, os jovens encontraram o aliem, caracterizado como criatura bizarra, saindo de uma gruta nas imediações do lago Cerro Azul. Os adolescentes com idade entre 14 e 16 anos, assustados, atiraram pedras no “animal” até tirar-lhe a vida e, em seguida, jogaram-no na água. Especialistas agora procuram identificar o ser através de exames genéticos e revelar se se trata apenas de um animal ainda não identificado pela biologia ou é mesmo um alienígena.
Diante deste acontecimento curioso, fiz três reflexões: uma de ordem linguística; outra de ordem biológica e a última ligada à conduta humana. É curioso nossa capacidade humana de querer dar nomes às coisas. Eis um princípio semiológico já tratado por filósofos gregos como Aristóteles e gramáticos há milhares de anos – é preciso nomear as coisas, por mais estranho que sejam e mesmo de forma provisória. E no caso em questão, o processo de nomeação é sempre tomado com um exotismo que só nos aproxima para assistir e excluir, ver e descartar. Daí não nos é estranho nominar o ser de nome provisório “estranho, bicho feio, aliem, ET, ser de outro mundo, alienígena etc.” Se for animal, que seja de outra espécie mais distante possível da minha, porque espécie pura e bela é a nossa. A classificação pautada em adjetivos negativos é a prática mais viável em situações como essa.
Do ponto de vista biológico, diríamos que a teoria da Evolução das espécies acaba mais uma vez de se afirmar; e se o suposto ET veio a morrer é porque na luta entre as espécies vence o mais forte e dotado de características mais adaptáveis à sobrevivência e continuidade genética.
Sem entrar no mérito da teoria, uma vez que não sou especialista na questão, parto da referência grosseira que fiz ao pensamento de Charles Darwin para apresentar minha reflexão sob a última ordem: a conduta humana. Geralmente, um animal ao se sentir ameaçado parte paro o ataque a menos que ele deseje satisfazer suas necessidades fisiológicas. No entento, com a nossa espécie – a mais evoluída – as coisas obedecem a outro princípio. Quer eu me sinta ameaçado quer não, o ideal é matar, tirar a vida, excluir, nomear, classificar e, depois, por em museu ou em laboratórios para estudos.
Os jovens panamenhos fizeram o certo, pelo menos mais uma vez se confirmou a ideia recorrente acerca da conduta do ser humano, já que - dotado de racionalidade e intelecto para apreender e compreender o universo – usa de seus extintos mais perversos para matar, extinguir, quando não o fazem com membros de sua própria espécie, fazem com a espécie do outro; além de comprometer a qualidade do ar, dos rios, desmatando e poluindo os recursos naturais.
Se no futuro houver o Armagedom causado pelos conflitos entre os estranhos, espero achar uma caverna platônica para me esconder, porque se os irmãos do suposto aliem vierem cobrar explicação, eles estarão com a razão e terão direito à réplica. Enquanto os resultados classificatórios e nominativos não saem, vamos aguardar a “família” do “exótico” animal vir recolher o cadáver, ops!, cadáver é para os homens, devo dizer corpo estranho.