segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O cadáver do ET panamenho

Circularam na mídia brasileira e de vários países, na última semana, imagens e notícias de um suposto “ET” encontrado por quatro jovens do Panamá dia 12 deste mês. Segundo jornais panamenhos, os jovens encontraram o aliem, caracterizado como criatura bizarra, saindo de uma gruta nas imediações do lago Cerro Azul. Os adolescentes com idade entre 14 e 16 anos, assustados, atiraram pedras no “animal” até tirar-lhe a vida e, em seguida, jogaram-no na água. Especialistas agora procuram identificar o ser através de exames genéticos e revelar se se trata apenas de um animal ainda não identificado pela biologia ou é mesmo um alienígena.

Diante deste acontecimento curioso, fiz três reflexões: uma de ordem linguística; outra de ordem biológica e a última ligada à conduta humana. É curioso nossa capacidade humana de querer dar nomes às coisas. Eis um princípio semiológico já tratado por filósofos gregos como Aristóteles e gramáticos há milhares de anos – é preciso nomear as coisas, por mais estranho que sejam e mesmo de forma provisória. E no caso em questão, o processo de nomeação é sempre tomado com um exotismo que só nos aproxima para assistir e excluir, ver e descartar. Daí não nos é estranho nominar o ser de nome provisório “estranho, bicho feio, aliem, ET, ser de outro mundo, alienígena etc.” Se for animal, que seja de outra espécie mais distante possível da minha, porque espécie pura e bela é a nossa. A classificação pautada em adjetivos negativos é a prática mais viável em situações como essa.

Do ponto de vista biológico, diríamos que a teoria da Evolução das espécies acaba mais uma vez de se afirmar; e se o suposto ET veio a morrer é porque na luta entre as espécies vence o mais forte e dotado de características mais adaptáveis à sobrevivência e continuidade genética.

Sem entrar no mérito da teoria, uma vez que não sou especialista na questão, parto da referência grosseira que fiz ao pensamento de Charles Darwin para apresentar minha reflexão sob a última ordem: a conduta humana. Geralmente, um animal ao se sentir ameaçado parte paro o ataque a menos que ele deseje satisfazer suas necessidades fisiológicas. No entento, com a nossa espécie – a mais evoluída – as coisas obedecem a outro princípio. Quer eu me sinta ameaçado quer não, o ideal é matar, tirar a vida, excluir, nomear, classificar e, depois, por em museu ou em laboratórios para estudos.

Os jovens panamenhos fizeram o certo, pelo menos mais uma vez se confirmou a ideia recorrente acerca da conduta do ser humano, já que - dotado de racionalidade e intelecto para apreender e compreender o universo – usa de seus extintos mais perversos para matar, extinguir, quando não o fazem com membros de sua própria espécie, fazem com a espécie do outro; além de comprometer a qualidade do ar, dos rios, desmatando e poluindo os recursos naturais.

Se no futuro houver o Armagedom causado pelos conflitos entre os estranhos, espero achar uma caverna platônica para me esconder, porque se os irmãos do suposto aliem vierem cobrar explicação, eles estarão com a razão e terão direito à réplica. Enquanto os resultados classificatórios e nominativos não saem, vamos aguardar a “família” do “exótico” animal vir recolher o cadáver, ops!, cadáver é para os homens, devo dizer corpo estranho.

jr

domingo, 13 de setembro de 2009

Enquanto a fila não anda...

(Foto)

É impossível ficarmos numa longa fila sem que prestemos atenção a alguma coisa. Se estivermos em fila de banco, há um televisorzinho no alto com uma programação chata, uns desenhos desanimados e sem vozes; umas pessoas conversando, outras cochilando. Se a fila for em casas lotéricas, tem sempre alguém marcando números, benzendo-se ou olhando para o teto para ver se consegue adivinhar as dezenas do próximo sorteio. As filas geralmente nos trazem detalhes inusitados capazes de saltarem a nossos olhos.

Hoje, estando numa fila de supermercado, assisti a uma cena muito interessante, dado o grau de leitura de uma mulher, cuja idade deveria girar em torno dos 30. À minha frente, seguia-a com algumas compras numa cesta. Durante boa parte da fila, ela vinha acompanhada por duas crianças e um senhor, dando uma impressão de que eram seu marido e filhos. Quando passávamos naqueles corredores cercados por doces, biscoitos e inúmeros outros objetos, notei a moça falando alto consigo mesma: “Odeio estes supermercados que pensam que somos bobos. Põem os produtos aqui para forçar a gente a levar algumas coisas para casa...e assim nosso dinheiro voa. Olha estas revistas...Claudia, Viva!Mais, Veja, Placar...”

Notei que a senhora retirou uma revista da prateleira e chamou o suposto marido, que já se mantinha afastado aguardando-a com as crianças.

"Mor, olha só o que diz essa revista: Macaulay Culkin pode ser pai biológico de um dos filhos de Michael Jackson".

“E o que tem de mais nisso?” – respondeu o “mor”.

“Você não entendeu? A mídia pensa que o povo é idiota para acreditar nisso...onde já se viu um homem engravidar outro”.

Percebi pelas caras e bocas de algumas pessoas da fila a recusa à manifestação de criticidade da mulher.

Atrás de mim ouvi uma moça dizer para o namorado: “Se fosse loura diziam que é porque era loura”.

Ainda fiquei olhando para a cara daquele ator que, em minha infância, me fez muito rir com suas peripécias no filme Esqueceram de Mim. Mas logo ouvi o caixa me chamando “Próximo!”

jr

sábado, 12 de setembro de 2009

O outro onipresente

(Foto)

Passei dois terços de uma vida insana assistindo a olhos e bocas contando minhas impurezas a céu aberto. Às vezes fechava a porta de minha alcova e passava algumas noites mal dormidas ao som de tempestade humana. Ontem me acostei mais cedo e apaguei-me à voz do temporal. Abri a janela, nesta manhã, e pus-me a contemplar a força do inverno lavando a sujeira da cidade. Nenhuma voz, nem ruídos automotivos. Notei alguns chuviscos ainda e menos impurezas por alguns minutos; desejei que as noites fossem de chuva mais vezes.

jr

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Palatus agradece

Em exatos 2 anos e 3 meses completados há uma hora, o Palatus ganhou este selo muito especial. Não me atenho a aniversários. Quando lembro comemoro, quando não lembro, não me culpo por isso. Para alguns, isso é falta de educação, para mim isso é falta de atenção. E sou desatento mesmo. Bem, como nosso amigo Rubinho Lima, editor do Conversas do Sertão, nos concedeu essa proeza, nada mais justo que comemorar essa data e agradecer a ele e aos amigos que por aqui passam palatando.

Segundo regem as normas dessa premiação, o editor do blog indicado deve:

1º - Exibir a imagem do selo "olha que blog maneiro";

2º - Postar o link que o indicou;

3º - Indicar 3 blogs de sua preferência;

4º - Avisar a seus respectivos editores;

5º - Publicar estas regras;

6º - Conferir se os blogs indicados repassaram os selos e as regras.

Diante dessas regras, senti-me na berlinda e com o coração partido porque devia escolher somente três blogs. Então, resolvi também criar minhas 6 regras:

a) Freqüência de publicação;

b) Semelhança de idade com o Palatus;

c) Atenção com os leitores;

d) Não ter sido indicado para o mesmo prêmio nas últimas 3 semanas;

e) Não fazer propagando para o setor privado;

f) Incentivar diretamente a capacidade artístico-literária e educacional.

Eis então os contemplados:

a) Notícias do interior – do baiano Bernardo Guimarães

b) “Mulher é desdobrável. Eu sou.” – da Carioca Tati Martins

c) 100 fundamentos – do baiano Ricardo Thadeu

Como em premiação, existem aqueles que sempre empatam e nos apertam o coração por não entrarem na classificação, eis os dois que me fizeram me sentir injusto:

a) Vestígios da Senhorita B. – da escritora baiana Renata Belmonte

b) Agridoce, Lua. – de Luana Oliva

Meus sinceros agradecimentos ao Rubinho Lima!

jr

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Serviço completo de uma fofinha

Faz muito tempo que não entro em salão de beleza. Nada contra a instituição de estética, mas, por costume doméstico, acabo sempre indo a salões com outra denominação quando o objetivo é cortar o cabelo.

Desde menino, fui encaminha ao cabeleireiro ou barbeiro, e, a este último, constantemente acompanhando meu pai que resolvia dar a cara para um tal de Zeca passar-lhe a navalha. Serviço completo, autorizava meu pai.

Menino, às vezes, pensa em muitas besteiras e, como eu não era diferente dos adultos, andava matutando umas ideias meio loucas, do tipo: “e se o cara escorrega a mão na espuma e acerta um corte no meio do queixo de meu pai? E se ele fizer de propósito?” Arrepiava-me. Não faziam sentido meus pensamentos, mas, como se diz por aí, mente fazia é oficina do diabo.

Cresci acompanhando meu pai nessa rotina que gerava um custo definido no orçamento. Sempre um fim de semana do mês era reservado ao cuidado de si e de mim, geralmente ao sábado. Pendura a conta aí, Zequinha, final do ano eu pago, brincava. Era uma mixaria naquela época.

Depois que a gente cresce, estas marcas de afeto se dissolvem. Paga-se com o próprio dinheiro, escolhe-se salão, cabeleireiro, babeiro, clínica de massagem e estética. Os nomes mudam, os valores também; outros conceitos se cristalizam na memória do povo.

Mas, hoje, depois de um mês de labuta diária sem parar um pouco para descansar, sentei-me diante da TV: gripe suína, doenças contagiosas, piolhos em crianças, caspas, micose, pele limpa, bronzeada, sujeira, sabonete, condicionador, festas, gente bonita, modelos, fotos, atores... enfim, minutos depois, me senti sujo, doente, peludo, feio e mal tratado.

Dirigi-me ao banheiro e, em frente ao espelho, não me reconheci. Sem camiseta, num segundo, imaginei-me uma fonte de bactérias, um porco selvagem. Pelos no peito, unhas grandes, barba enorme, cabelos esvoaçados e duas entradas mostrando a incoerência de minha idade com a iminente calvície. Chega um tempo que não dá para disfarçar jogando um resto de cabelo para frente, e, se forem crespos, pior ainda, eles não ajudam no disfarce. Então, com essa onda de gripe suína, pensei: “Nesse situação, posso ser confundido com o transmissor primário. Tenho que dar um jeito nisso logo”.

Eu sabia que perto de casa não havia um cabeleireiro ou barbeiro sequer, e me deslocar até o centro da cidade, tendo que pegar condução, me tomaria muito tempo, e o custo seria mais alto nestas circunstâncias. Lembrei-me então de um salão situado a três quarteirões de meu apê onde uma senhora acostumava a atender sua clientela.

“Será que tem vaga pra mim?”... Se não tem tu vai tu mesmo, eu disse, avistando a inscrição em letras garrafais no toldo: SALÃO UNISSEX. Com um pé na calçada e outro na porta, preparei-me: “Boa tarde! A senhora corta cabelo de... quanto?” - Assim mesmo, com o intervalo destacando as reticências. Obviamente não era essa a pergunta, mas mudei sua estrutura sintática tentando sair pela culatra. Não ficou muito boa, mas me salvei dessa.

“Entre, meu filho. Como deseja o corte?”

Com a resposta dessa pergunta, percebi que a cabeleireira poderia estabelecer dois objetivos. Primeiro, definir o preço; segundo, induzir-me a cortar somente o cabelo, afinal ela falou em corte.

Sentei-me imediatamente frente ao espelho por onde notei duas mulheres, sentadas ao fundo olhando as minhas costas. Olharam-se! Concentrei-me inspirando e expirando como quem cumpre os comandos de um médico que nos ausculta devagar. Pouco depois, percebi que uma das mulheres era manicure, quando, num grito assustador, uma reclamou atirando um tapa na outra: “ai, vá fazer bife no açougue de sua mãe”. Senti vontade de rir, mas contive-me, afinal estava a cabeleireira com uma navalha apontando para minha orelha.

Para minha surpresa, num piscar de olhos, meus pelos estavam no chão, e as duas entradas, na testa, menos marcadas, embora minha barba estivesse intacta. Lembrei-me de meu tempo de menino e vi meu pai esperando que o barbeiro cobrisse de espuma quase o rosto inteiro à moda Papai Noel.

“Como gosta da costeleta, meu filho? Ei, tô falando com você... como gosta da costeleta? Grande, média, pequena?” – disse a senhora do salão.

Voltei-me no tempo, e respondi: “Ah, desculpa, assim está bom. Em casa, eu acerto quando for fazer a barba”. E, através do espelho, notei um senhor de meia idade entre a porta e o passeio.

“Pois não, posso ajudá-lo?”, perguntou a manicure.

“Vocês cortam cabelo de homem?”

Antes que a menina formulasse uma resposta afirmativa, a cabeleireira girou a cadeira onde eu estava sentando e, olhando nos meus olhos, perguntou: “Esse cabelo que acabo de cortar é de homem ou de mulher, meu filho?”

Respondi-lhe: “Certamente sou homem, senhora”. E ela concluiu dirigindo-se à porta: “Pergunta idiota não vale resposta”.

Fiquei confuso com essa afirmação, uma vez que eu não sabia se ela se referia à sua própria pergunta ou à daquele senhor, que já havia desaparecido do recinto. Notei um silêncio, mas logo notei a senhora voltando: “Outro dia, veio um homem todo feio, fedorento, peludo, e me pergunta: corta cabelo de homem, coroa? Não gostei desse COROA, mas respondi a ele que sim, que cortava. “E faz o serviço completo, FOFINHA? Como assim serviço completo? Claro que não! Expulsei ele do meu salão.”

Enquanto passava o espanador de penas sobre minha camiseta, disse apontando para mim com uma tesoura: “Olha pra mim e diga se tenho cara de COROA ou de FOFINHA? A gente precisa se impor. Se a gente não se impõe, meu filho, esses homens tiram a roupa aqui mesmo no meio do salão e esperam que a gente raspe tudo.”

Sem dizer-lhe uma palavra, tirei vinte reais da carteira, entreguei-lhe e dobrei a esquina.

Já em casa e em frente à TV desligada, comecei a refletir. Serviço completo, na época de meu pai, correspondia a cabelo e barba. Hoje, os conceitos mudaram de sentido ou não fazem mais sentido certos tipos de pergunta?

jr

domingo, 6 de setembro de 2009

Frase CULTa

“A ciência é muito importante, mas sempre incompleta, porque ela jamais pode dar conta dos grandiosos mistérios do universo”.

(Camille Paglia, historiadora da arte,

em entrevista à revista CULT, n.138)

jr
Fonte: Imagem

sábado, 5 de setembro de 2009

“Meu coração na caneta...

meus desejos num papel”

Faz algum tempo que não posto aqui uma música que nos toca o coração, a pele, a voz, os olhos... Geralmente, escolhia a sexta-feira para postar este tipo de linguagem. Primeiro porque sexta é o portão do fim de semana e parece que a rotina, para muitos, fica mais dissimulada; segundo porque gosto da sexta-feira mais do que outros dias - já disse isso antes e não me canso. Por essas duas razões, penso que qualquer canção cantada por Vander Lee abra esta primeira noite de fim de semana de setembro.

Mas quem é Vander Lee?
Cantor e compositor mineiro, nasceu em 1966. Seu nome de registro é Varderli Catarina, mas preferiu reconstruir seu primeiro nome e dar-lhe um toque artístico estrangeirado. Já tem alguns aninhos de pé na estrada, cujas gravações datam de meados dos anos 80. Opa! Falando assim, parece fato histórico de livro didático. Bem, o fato é gravou com grandes nomes da música brasileira como Nando Reis e Zeca Baleiro. De seu repertório, temos a oportunidade de ouvir música romântica, samba, rock, além da poesia pura que marca as canções. De uma coisa é certa: difícil ouvir suas canções e continuar o mesmo. Poesia é a arte que nos lapida e nos transforma a partir da catarse, e essa música tem essa função libertadora.
Perdão, Vander, por resumir em duas linhas sua vida e trabalho... Vale que te escutemos - isso já nos basta.


 
Pensei que fosse o céu
(Composição e voz: Vander Lee)
Estou aqui mas esqueci
Minha alma num hotel
Meu coração na caneta
Meus desejos num papel
Eu vinha sem retrovisor
Um rosto estranho me chamou
E a minha pele não me coube mais
A sorte veio e me encontrou
Na corda bamba do amor
Meus dias nunca mais serão iguais
Estava ali, me confundi
Pensei que fosse o céu
O azul do mar me chamou
E eu pulei de roupa e de chapéu
A onda veio e me levou
Desse lugar e agora eu sou
Uma ilusão, a solidão é meu troféu
Aquela foto amarelou
O riso no meu camarim
Felicidade bate a porta e ainda ri de mim.
Imagem: Capa do CD Fonte da Letra
jr

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Ece pêndulo bifourcoault

eça.noite.de.queiroz.querosene.vi.basílio.vi.a.vida.pasando.

com.luísa.e.o.primo.tive.insônia.com.a.luísa.na.cabeça.toda.

hora.passa.hora.horas.passam.madrugada.vem.insônia.na.há.

sônia.só.há.vento.ventania.agora.agora.agora.agorinha.agonia.

venta.muito.muito.chove.a.noite.toda.a.noite.esfria.e.vêm.soando.

no.escada.lá.de.fora.alguma.fala.a.altas.horas.não.é.gente.é.maresia.

que.ameaça.trovejar.logo.prego.logo.sinto.me.na.sonolência.de.um.

amanhecer.de.sono.relógio.t.i.c.t.a.c.tictac.tictac.titanic.titanic.titanic.

na.parede.sinto.sede.vejo.o.quadro.titanic.vi.o.jorge.vi.a.sônia.com.

luísa.e.meu.primo.se.afunda.se.complica.nao.se.explica.na.parede.

de.meu.dia.amanhece.piano.piano.piano.na.pia.gota.d’água.piano.

pinto.pintura.pianinho.baixo.serrote.de.grilo.cri.cri.cri.cri.passarinho.

na.gaiola.do.vizinho.assovia.eu.não.canto.eu.não.canto.canto.amor.ai.

lovi.u.amor.ai.lovi.u.eu.no.canto.dessa.cama.tão.vazia.na.cantina.vem.

a.sônia.vem.aqui.joga.pedra.na.geni.joga.pedra.na.lauisa.ela.dá.pra.

meu.primo.não.atira.lá.na.sônia.porque.ela.nao.tem.culpa.maldita.

geni.ela.é.de.toda.hora.passa.o.tempo.vá.embora.sinto.sono.abro.

o.olho.vejo.as.horas.meu.relógio.entra.o.dia.na.janela.dão.bom.

dia.não.é.ela.não.é.ela.eu.vejo.tudo.embaçado.removo.o.controle.

vem.a.luta.a.labuta.dia.a.dia.tempo.ruge.na.parede.de.meu.dia.

tudo.vem.tudo.vai.vai.luisa.a.eça.hora.vai.basílio.tudo.passa.

e.avida.continua.e.a.vida.se.esvai.como.um.copo.de.sorvete.

que.derrete.e.se.d.e.s.faz

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