
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
As enes maneiras de fazer um ano novo diferente

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Vida e arte na praça da catedral

terça-feira, 25 de novembro de 2008
Frase fílmica
domingo, 23 de novembro de 2008
Sul tio

sul tio
Com a pisada
penada da sorte
deu-se o remate.
Era com o zelo,
assim convicto
duma paz nata.
Secou sob o formol
de eras ante a espera
do dever vencido.
E a hora?
nó
na lembrança
enterrado.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Weekend noight

quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Comunicação digital: a droga da vez?

Por Cristiano Uzêda Teixeira*
A idéia de falar sem olhar nos olhos e de não “ler” as expressões faciais ao se comunicar com alguém nunca me agradaram. Nunca se sabe, verdadeiramente, o que ocorre do outro “lado”. Quando se fala ao celular, somente a fala é captada e interpretada. Gestos, olhares e outros comportamentos não são captados e acabamos por nos acostumar com isso. Não andamos cem metros se tivermos como usar o celular. Ganhamos a praticidade de falar imediatamente à distância e, ao mesmo tempo, perdemos o contato físico e a interação presencial entre as pessoas.
* Graduado em Geografia pela UEFS e especialista em Ciências Ambientais pela mesma instituição. E-mail: uzedavca@gmail.com.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Amor e cumplicidade
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Gêmeos II

terça-feira, 7 de outubro de 2008
Gêmeos I

segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Vive Bruxo do Cosme Velho!

Já não há quem viveu o tempo de vida do Bruxo do Cosme Velho, muito menos sobrevive seu tempo de morte; contudo, ele se manteve entre nossas gerações até agora e continuará presente graças a sua engenhosidade na arte de escrever boas histórias e fazer pensar nossa própria condição. Seus personagens somos nós que, muitas vezes, agimos como eles, mas não temos a coragem de olhar nO Espelho, afim de, encarando-nos, entendermos os nós da alma humana.
jrquinta-feira, 25 de setembro de 2008
Garou para quinta à noite

Assista ao clip Je suis le même: mire-o e deguste-o sem moderação!
Nota:
Je suis le même (Eu sou o mesmo)
Seul (sozinho)
Sous le vent (Sob o vento)
Piece Of My Soul (Pedaço de minha alma)
sábado, 20 de setembro de 2008
Sexta-feira

Certa vez escrevi um post aqui falando da correria diária (http://co-lirius.blogspot.com/2007/09/dias-e-vida.html)... e hoje volto ao tema de uma forma mais sutil.
Segunda é o dia que re-inaugura a rotina; já de terça a quinta, tudo se repete: as tarefas, o corre-corre, o estresse, as metas a serem atingidas, as aulas chatas, os artigos, as leituras obrigadas, o bom-dia forçado, as explicações sobre atrasos, as justificativas em casa etc.
Sexta-feira não, é um momento diferente. Mesmo havendo muitas atividades, é o dia que você trabalha preparando o cérebro para, ao chegar o fim do expediente, cair na night. Se não houver night, no problem, a gente vai pra casa sem o peso da rotina dos anteriores. Alguém pode dizer: “esse cara é folgado, não faz nada sexta à noite, curte todas e ainda não trabalha sábado, por isso está a falar essas besteiras”. Não! Trabalho sim sábado, mas adoro a sexta. É um dia diferente, garanto, para muitos brasileiros.
Domingo é um terror para o cérebro. É o dia que a massa encefálica vai se preparando para o “dia de branco”, segunda, o dia em que tudo se repete, dia em que se começa a sofrer uma segunda-feira antecipada. Daí ninguém mais consegue curtir a vida em paz.
Volto a insistir: que a sexta seja eterna enquanto dure! E que todos tenham uma excelente night. Ops! Minha sexta está acabando, vou fingir que amanhã é uma extensão do hoje.
jr
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
No restaurante
Como conseguem ter sentido as palavras?
Será que existem separadas dos sentidos?
Será que as sentimos quando existem?
Se souber, digam-nos, por favor...
jr
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Contribuição de Rubinho Lima
Rubervânio Rubinho Lima
Alice caminhava pela mata, um riozinho corria próximo a uma fazenda. Aproximou-se de um riachinho e percebeu um barulho característico. Era um sapo. Crock Crock... O sapo coaxava, como entoando uma canção. Alice adorava bichinhos. Aquilo era demais para a garotinha de 13 anos. Era como estar em outro mundo. Um mundo diferente, longe de tarefas de casa, longe da cidade grande, poluição, apartamentos apertados e nada de bicho... Um sonho...
Alice queria chegar mais próximo daquela criaturazinha marrom e com olhar horripilante. . Crock Crock! De repente, não era um, mais dois, outro surgindo de uma pedra, mais outro... E pronto! Já eram uns cem ao redor da menina, que, a essa altura, estava pra lá de assustada com tanto sapo e tanto coaxar... Crock Crock!
Como em um relance, surgiu da água um sapão bem maior que os outros e muito mais assustador. Crock! Parecia algum tipo de líder dos outros, um rei... Com o coaxar grave do grandão, os outros começaram a se aproximar da menina, cercando-a como soldados. Crock! Ordenou mais uma vez o maior. A menina, cada vez mais assustada e muda só via sapos a cercando ameaçadores. Um deles pulou na direção de seus pés, e mais outros a sua volta. A menina desmaiou.
Seria um exército de sapos em guerra contra humanos? Seriam criaturas de outro lugar? De alguma história mágica? De algum livro?
__ Acorda, Alice, Acorda! Gritara Dora, sua mãe, com sacodidinhas nos braços da menina. Dormindo novamente na hora da lição de casa? Volta já para a tarefa de Ciências!
Rubervânio Rubinho Lima é natural de Paulo Afonso-BA, 29 anos, licenciado em Letras, pós-graduando em Especialização em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Atualmente, faz parte do Centro de Estudos do Cangaço - CECA (UNEB-Campus VIII) como pesquisador. Nas horas de inspiração, escreve contos adultos e infanto-juvenis. E-mail: rubinholim@hotmail.com.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Brazilian In-dependence Day

Não vou aqui defender teses, nem me adentrar nas discussões historiográficas até porque não sou da área, sou brasileiro apenas. Quero então fazer uso dessa data para dizer que, para comemorar, o país ainda DEPENDE:
1- De uma política que promova uma Educação libertadora como sonhou Paulo Freire;
2- De uma Ciência que possa contribuir para a melhoria da vida do brasileiro em todos os aspectos, não transformar em deuses os cientistas;
3- De uma Conjuntura Governamental, cujos líderes devem ser sensíveis às necessidades do povo, e não às suas posses e contas bancárias;
5- De um Sistema de Saúde capaz de não contar com o milagre da sorte, mas com a sorte de não precisar fazer milagres com as míseras condições hospitalares;
6- De uma Paz assegurada pela própria sociedade - já que ela é agente e paciente da violência que a vitima – não de uma política de segurança que funcione à base do medo e das incertezas;
7- De uma Comunicação que sirva a sociedade para informá-la, educá-la, esclarecê-la sobre o perigo de um poder centralizador e antidemocrático, não de uma Comunicação que se esqueça da ética e ludibrie as pessoas, servindo apenas aos interesses da elite;
8- De um povo brasileiro que venha a ter consciência de que a Diversidade deve ser mantida e, sobretudo, respeitada - senão há de perder seu sentido - já que o país é símbolo de uma cultura mista e diversa em sua essência;
9- Do Perdão da Dívida que sempre o coloca na condição de dependente;
10- De Nós para refletir sobre nossa própria condição de brasileiro e usar de nossas forças para tornar esse país menos presa dos gigantes, senão nossos sucessores vão comemorar daqui a 200 anos o que comemoramos hoje.
O que comemoramos hoje?
Ah, não é só isso que o Brasil depende, né?
domingo, 7 de setembro de 2008
Apologize para sábado à noite

As informações e foto acima, além da letra, podem ser encontradas nos sites http://www.timbalandmusic.come e http://www.bastaclicar.com.br/MUSICA/historia.asp?id_artista=546 http://letras.terra.com.br/timbaland/954675/
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Curriculum Lattes de Bebéa

Quando alguém me pergunta: de que personagem da literatura brasileira você mais gosta? Não penso duas vezes e respondo: Macabéa. Respeito opiniões contrárias, afinal não conheço todas as personagens da ficção brasileira, mas reservem-me o direito de colocar a maior invenção da figura (des)humanizada de Clarice Lispector no podium. Macabéa provoca, no leitor, um misto de inúmeros sentimentos mais macabros e ternos ao mesmo tempo. Incrível!
A vez primeira que li A hora da estrela, estava ainda na oitava série, e só consegui sentir pena da nordestina que amava os pregos. Depois disso, li no final do segundo grau para fazer vestibular da Ufba. Dessa vez, senti remorsos e culpa quando a personagem foi atropelada, sentimentos que Olímpio deveria ter, e não teve. Mas tarde, li na faculdade - cujo olhar crítico, muito mais preocupado em tirar uma nota boa através da análise, me levou a não sentir nada. Conclusão: Macabéa também desperta sentimento indefinível ou vazio.
Entretanto, hoje, pela primeira vez (podem rir), assisti ao filme A hora da estrela (Diretora: Suzana Amaral e atores: Marcélia Cartaxo, Macabéa, e José Dumont, Olímpio), graças a um amigo que me passou uma cópia.
Com o olhar preso à tela do computador e os ouvidos atentos a cada poesia proferida pela personagem Bebéa (somos íntimos!), não queria que o filme terminasse nunca. Primeiro porque já sabia o destino trágico da doce menina e não queria enxergar a realidade do fim nua e crua. E, segundo, porque eu não estava preparado para encarar um novo sentimento que, certamente, me seria despertado.
Hoje, mais um poesia da personagem clariceana ficou em minha memória. Vou dar o nome de “Currículo de Macabéa” a seguinte fala:
Sou datilógrafa
Sou virgem
Gosto de Coca-Cola
Ah, deixe eu dizer, o sentimento que tive ao terminar de assistir à película hoje foi alegria, simplesmente alegria, por saber que Bebéa morreu feliz.
E você, o que sentiu ao encará-la pela primeira, segunda, terceira...vez?
jr
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Pra não dizer que só falei das flores

Já deixei claro aqui no Palatus et Colirius, ano passado, que não iria falar de mim até que houvesse necessidade. Não tenho bem uma justificativa específica, mas falar de mim ainda me incomoda; fica parecendo que eu quero aparecer, odeio isso! O fato é que hoje encarei a idéia, um ano depois, de que não existe discurso unicamente objetivo...não existe mensagem separada de quem a produz.
Em minhas leituras despretensiosas sobre discurso, aprendi que a ausência é a denúncia da presença, o obscuro pressupõe a clareza numa relação dialética, o silêncio é o anverso do barulho e assim por diante. Logo entendi a filosofia da coisa: a gente só sente falta daquilo que a gente sabe que existe ou já existiu. Ficou confuso?
Sim, mas o que tem isso a ver com a minha subjetividade no blog? Quando disse que não iria falar de mim, mentira, as pessoas já têm uma certa imagem de mim: mesmo de um modo superficial, fazem idéia do que gosto, do que leio, com quem falo, de onde falo, onde vivo, o que não gosto, se tenho um bom relacionamento com outros ‘bloguistas’ etc. Bem, se nunca viram aqui uma letra de pagode, p. ex., obviamente é porque não tive o menor interesse em discutir nem trazer à discussão uma letra dessa categoria (e há letra?). Pode ser que mais tarde eu mude de idéia – afinal as pessoas mudam de opinião ao longo da vida - mas até agora nada me levou a fazê-lo.
Por outro lado, esse espaço é bastante novo e há muito ainda o que dizer; linguagens e temas não faltam, felizmente. Quando eu achar que não vale mais a pena escrever/publicar por qualquer motivo, farei o mesmo que meu amigo português Ric no ano passado: C'est la vie…(Até breve!), e tirarei férias. Entretanto, até então continuo produzindo e publicando, sem pressão e à minha maneira, aquilo que me faz bem e dá sentido à minha vida.
That’s it! - É só!
jr
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Contribuição de Fábio Alexandrino

segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Boemia pós-moderna
... já vivi sim aventuras, e isso, às vezes, não é nada bom porque traz contraventuras.
E...?
E não espero nada muito sólido, mas estou querendo viver algo melhor... e curtir essa vida em paz.
69 diz a 00:05
Ker ser fliz então...
96 diz a 00:07:
Sim... por que não? trabalhar, ter algum dinheiro... pegar umas baladas, final de semana, não é ruim.
69 diz a 00:08
E o q mais?
96 diz a 00:10:
Beber um pouco de vinho, fumar um cigarro, estar na boemia pra não cair na monotonia da vida... fazer sexo pra não esquecer o prazer que a carne produz nem se acostumar com sua falta...
69 diz a 00:13:
Ainda ñ me respondeu...
96 diz a 00:14:
O que? Eu adoro andar de bicicleta perto da praia no final da tarde. É bom pra exercitar os joelhos...você já fez isso?
69 diz a 00:15:
Fala porra, o que vc curte?
96 diz a 00:16:
Eu? Eu curto a vida à sua medida...a vida, caralho, a vida!
69 sai da sala a 00:20...
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Promessa insana
terça-feira, 5 de agosto de 2008
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Diálogo ingênuo
Diálogo ingênuo
Estava eu a dormir faz algum tempo quando, de repente, senti uma forte dor. Senti um calafrio percorrendo a coluna como se fosse uma injeção de ar. Era a dor da morte! Mas não durou muito tempo, a injeção era mesmo de ar e tinha função anestésica. A sensação era outra: sentia-me como se fosse o próprio padre paranaense Adelir Carli, que desapareceu preso aos mil balões. Todavia, era a sensação de leveza sem nenhum adereço à moda Carmem Miranda.
A princípio, imaginei que estivesse em ares brasileiros. A surpresa era a de Cabral; a vista, colombiana, ambas adaptadas à modernidade. Não era a América, era um paraíso. Cheguei a essa constatação quando comecei a notar que estava aterrissando num lugar muito longe, nunca dantes visitado. Nesse instante, senti meu próprio peso.
Na superfície de um lugar, que vou chamar de chão por não saber o nome, dei uma olhada 360 e vi que tudo estava quase perfeito pra mim. Quase perfeito! Faltava apenas uma coisa: alguém com quem deveria dividir aquele lugar.
Quando pensei em me deslocar, ouvi um ser puro, diferente de todos os seres que já vi em vida. Era Deus, só podia ser. O diabo não poderia ser tão bom!
“Alguma coisa, minha criatura?”
Não consegui falar uma única palavra, estava sentindo um misto de felicidade com alegria... algo inexplicável!
“Não, não... está tudo bem” – respondi.
Minha consciência parecia estar fora de mim, era como se existisse um eu e uma outra pessoa num mesmo corpo. Logo percebi que havia cometido dois pecados: o primeiro se estabeleceu quando disse “não”, a palavra proferida a Ele era negativa; o segundo pecado foi mentir para Deus. Ele sabia que eu precisava de algo. Voltei atrás:
“Sim, meu senhor, eu preciso de alguém para compartilhar este belo lugar. É tudo com que sonhei, e não posso viver tudo isso sem nenhuma companhia.”
“Isso não é possível, criatura amada. Tudo que há aqui é completo e foi feito conforme seus pedidos quando estava lá embaixo.”
“Lá embaixo? Então aqui é o céu?”
“Não, o céu está lá embaixo. Lá está a minha casa, a nossa casa. Aqui está o mundo que pediu só para você.”
“Mas não há com quem possa viver, sorrir, ter filhos, meu Deus.”
Não precisareis de filhos, vós sois as minhas criaturas...
“Disse vós? Mas eu aqui estou só!”
“Sim, aqui você está só porque criei mundos perfeitos conforme você e tantos outros andavam me pedindo. Vejo que já não está satisfeito. Ali está uma porta, criatura, ela dá acesso para o mundo de lá, o mundo coletivo. Se escolher ir para lá, poderá voltar somente uma vez, isso vai depender de sua consciência.”
Minha consciência alertava-me para não questionar a Deus, não desobedecer a Deus, não tirá-lo do sério. Mas eu não podia aceitar.
“De novo não. Você fez o mesmo com Adão e Eva. Não posso escolher, não entro nesse seu jogo”.
Nesse momento eu e minha consciência estávamos falando a sós. Deus havia partido.
Comecei a me acostumar com aquela vida, uma vida quase perfeita. Eu não tinha a noção de tempo como antes. Tudo parecia nada, e nada era o meu sentimento de angústia por saber que estava só. Minha consciência não era uma fantasia, muito menos uma companhia física.
Dirigi-me até a porta e cheguei a pensar duas vezes antes de por o pé do outro lado. Ao me dar conta, já estava lá no meio da sociedade. Andava devagar a fim de perceber com perspicácia cada detalhe daquele novo mundo. Não sentia sede, não tive fome até então, meus desejos haviam-se apagado dentro de mim, sentia-me um espírito puro. Não queria mais ter filhos, não precisava de amigos, não sentia falta de companhias. Eu era simplesmente um ser sem vontades e não sentia falta da vontade, sabia que ali nada me faltava.
As pessoas que viviam naquele mundo falavam todas as línguas que se possa imaginar, e inclusive comigo... e eu as compreendia sem nenhuma dificuldade. Todas as pessoas eram iguais a mim. A vida era uma monotonia, mas não era ruim porque tudo estava em seu devido lugar.
Eu tinha tudo que precisasse e não pagava nada por isso, o dinheiro perdera sua função. Por um instante, pensei até que estivesse de volta a terra, porém a milhares de anos de quando havia sentido a dor da morte. Os homens haviam-se evoluído e pareciam imortais. As pessoas se amavam e não mentiam umas para as outras. Inteligência já não era um valor de distinção entre elas porque em nada se podia comparar...Não havia poder porque o poder estava nas mãos de todos.
Andei mais um pouco por entre os vales e rochedos...sim...havia rochedos e jardins bem preservados compondo a paisagem, e a cidade com suas casas luxuosos preservando arquiteturas medievais. A visão era esplêndida! As relações entre os povos eram diferentes das de outrora. Só existia apenas uma família e ninguém brigava, não havia por que brigar. Não havia mentira porque não havia verdade e não havia verdade porque não havia mentira.
Minha consciência me fez refletir por um milésimo de segundo quando me levou a perguntar a mim: há aqui alguma religião? Eu não sabia ao certo o que era religião, muito menos para que servia. Minha consciência até tentou me explicar que religião tinha o objetivo de “unir as pessoas novamente através de um líder maior”. Mas eu não entendia já que as pessoas ali nunca haviam sido desunidas. Todos ali viviam na eternidade e de nada reclamavam. Os homens e mulheres nada criavam para vender porque sabiam que os outros podiam criar também. As invenções que se conhecem hoje já não faziam sentido no mundo coletivo, já que todos ali se utilizavam apenas do necessário e não sabiam enganar o próximo.
Logo notei que não existia nenhuma criança, nenhum idoso porque ninguém nascia, ninguém envelhecia muito menos tinha que morrer. Aí minha consciência me colocou de prova diante de um tempo criado pela minha cabeça. Minha consciência nada mais era que o resquício de um passado do qual não havia me desprendido de vez. Minha consciência era a minha memória e o meu maior pecado juntos. Quando olhei para trás, avistei a porta pela qual tive acesso àquele mundo. Comecei a voltar e a me recordar de cada passo dado, das colinas, das cachoeiras, do campo, das flores, dos pássaros, pessoas sorrindo inocentemente, os castelos medievais, os animais, o ar puro, a conversa com Deus, a última palavra dirigida a Ele: “jogo”. Lembrei-me também dos meus dois pecados. Enfim, parei no meio da porta e tive dúvidas: não sabia se voltava para o mundo coletivo e monótono ou se entrava no meu mundo quase completo, e isolado. Na minha triste indecisão, ainda vi Deus olhando para mim e balançando a cabeça como se tivesse a dizer: “Minha criatura, nem eu te entendo.”
Acordei com meu cachorro lambendo a minha boca, e eu já não sentia a dor da morte como antes.
By J. Ribeiro